Tudo isto me leva a crer que padeço do Síndrome da Coitadinha… e é triste… eu fujo de tudo o que me caracteriza como “tuga”, prefiro ser apátrida!
Mas eu não sei se me estou a fazer entender. Este Síndrome pode ser observado in loco nos programas da manhã da TV portuguesa. No caso daquele show do Manuel Luís Goucha, as histórias dos coitadinhos são acompanhadas de uma banda sonora que nos faz levar a sério o que lá se conta. Sou eu de um lado, com a lágrima no canto do olho e a minha mãe do outro a rabujar: “Olha! Estes é que são espertos! Aparecem na TV com estas histórias e dão-lhes tudo o que eles precisam! Coitados, coitados são os da classe média! A pobreza está na classe média, não é destes que eu tenho pena! Qualquer dia também vou para a TV!”. Quando ouço esta frase, entro em estado de alarme! Seco a lágrima e entro num estado de raiva e histeria! Imaginar a minha mãe na TV a pedinchar o que quer que seja! Prefiro morrer!
Agora interessa informar-vos melhor sobre os sintomas desta Síndrome fatal a qualquer auto-estima e dignidade que se preze! Ora, primeiro, todos os coitadinhos sofrem de uma qualquer doença nervosa, podem ser desmaios, ataques de ansiedade, fobia social ou outra coisa qualquer. E estes problemas nervosos impedem-nos sempre de ter um emprego de pessoa normal, por isso, os coitadinhos têm de pedinchar. Todos eles vivem com uma familiar acamado, vítima de uma doença geriátrica gravíssima, o que os leva sempre a pensar que têm direito a mais um subsídio qualquer. Também têm, em maior parte dos casos, um familiar no mundo da droga que lhes “cata” o pouco que amealháram. Normalmente, o marido não tem um dos membros por isso também não pode trabalhar. São uns desgraçadinhos! Na vida deles não há ponta por onde se lhe pegue! Chove-lhes em casa, o filho precisa de um tratamento ou de uma cadeira de rodas e não pastel para o levar para Cuba ou para a cadeira.
Vivem da boa vontade dos que os rodeiam mas acham sempre que lhes lançaram o mau-olhado ou que são vitimas de olho gordo.
Há também outro facto típico que os distingue: são gordos como marmotas, o que me leva a crer que embora a desgraça, fome não se passa! Mas estas lontras normalmente têm uma desculpa para isto: mais uma doença do foro nervoso. E já que assim é, pedem também uma intervenção para colocarem uma banda gástrica. O Goucha e a Tininha agradecem porque daqui a uns meses já têm programa garantido: mostrar a lontra mais magra um kilos, desta vez, transformada em Shar-Pei. Nesta situação, a coitadinha precisa de uma cirurgia plástica para o marido lhe pegar nem que seja só com um braço!
Acho que já perceberam do que estou a falar…
Agora, a minha indecisão está entre ir, ao programa do Goucha, ou da Fatinha. Qual deles me oferecerá a cadeira de Direito Penal, pagará os 100 euros semanais de veterinária e me patrocinará mais uma ronda de fisioterapia no Espergueira Mendes?