sexta-feira, 27 de julho de 2007

Praia de Carrreço


Estou de partida para férias no mesmo sítio onde costumo passá-las há alguns anos mas nem sempre foi assim. No início da minha adolescência não eram as praias algarvias, brasileiras ou hawaianas que provocavam aquela excitação própria de quem está a viver tudo ao mesmo tempo e, ainda assim, sente que é tão pouco. Essa praia era Carreço.
A praia é selvagem, agreste, caprichosa, concedendo-nos poucos momentos de verdadeiros banhos de sol e de mar. A areia levantada pelo vento castigava-nos, perfurando-nos a pele e provocando uma sensação de ardor. A água gelada fazia-nos sentir o interior de todos os ossos que com ela estivessem em contacto... apesar de violenta, mágica!
No alto do promontório de Montedor, ergue-se o farol mais setentrional do país, simbolizando a dualidade luz/força e testemunhando o que a adolescência provoca em nós.
Carreço abrigou o meu primeiro amor, deu-me a conhecer o verdadeiro significado da amizade e do companheirismo, presenteou-me com momentos irrepetíveis na minha vida. Por isso estou, aqui e agora, a homenageá-la! Apesar de não ter lá mais voltado, e preferir agora as praias mais tranquilas do Algarve porque os momentos são outros, Carreço ficará para sempre na minha história...
(este texto é dedicado ao autor desta foto... que também é um fã desta praia única e que se encontra na mesma idade em que eu estava quando me passeava por Carreço)

terça-feira, 24 de julho de 2007

A Viagem


Idealizo muitas viagens de sonho. Algumas, sei que só o serão em determinadas etapas da minha vida... percorrer a Panamericana aos 30, viajar no Expresso do Oriente aos 40, no Trans-siberiano ou no Canadian Pacific aos 50 (não pensem que sou maníaca por comboios, mas o conceito em si é muito apelativo). Ainda na casa dos 20 quero conhecer a Índia, Indonésia, Chile, Costa Rica, Índia, Laos e muito mais...

Quando penso que não conheço Londres, Paris, Budapeste, Amesterdão, Roma, Praga sinto que, por mais que tenha viajado, falta-me o essencial! Nunca os meus caminhos seguiram a trilha até estas cidades. Talvez por pensar que mais cedo ou mais tarde, invariavelmente, acabaria por lá chegar... Continuo a acreditar que por lá passarei mas a verdade é que nunca estive em nenhuma delas!

Agora, a terminar a faculdade, sei que é o agora ou nunca para realizar uma grande viagem. Encontro-me num ponto da minha vida em que a disponibilidade é total em todos os sentidos. Possivelmente nunca mais na vida estarei tão aberta a agarrar esta oportunidade única...

Destinos não me faltaram... pensei em voltar aos EUA com uma paragem prolongada pelo meu perfeito Hawaii, percorrer a costa do Chile, ir finalmente à Indonésia, mais tarde, insisti como uma louca para conhecer a Índia e ver finalmente o Taj Mahal, mas o destino acabou por me ser imposto: um mês na Austrália! Nem hesitei, aceitei de imediato!

Iremos percorrer, os 3000 km da East Coast de mochila às costas, desde Sidney até Cairns, numa viagem que certamente será memorável...

quinta-feira, 19 de julho de 2007

"Poor Niágara" - Eleanor Roosevelt


Quando Eleanor Roosevelt, contemplou as Cataratas do Iguaçú proferiu: "Poor Niágara.", numa alusão comparativa entre as cataratas norte e as sul-americanas.
Não conheço Niágara, mas também não foi necessário o frente a frente com estas cataratas para realizar que estava prestes a captar a natureza em toda a sua majestade. Bastou-me sentir o eco que, milhões de litros de água por segundo, despejados de mais de 80 metros de altura continuam a fazer a uma distância considerável... não conheço palavras que consigam descrever, é simplesmente inacreditável! O barulho vai-se tornando cada vez mais poderoso à medida que nos aproximamos até se tornar ensurdecedor e impedir a troca de duas palavras de espanto!
À medida que me ia aproximando imaginava como seriam, mas é difícil a qualquer acto imaginativo idealizar aquele turbilhão de água, a correr aos tropeços para atingir, finalmente, a queda livre... A primeira reacção, foi de surpresa, a verdade, é que nunca tinha visto nada, nem parecido... de seguida, uma invasão de medo... Segurava na minha mão dois bilhetes para uma viagem de barco, que me levaria, lá em baixo, onde a água caia, mostrando-me do que a natureza é capaz..
Caminhei pela Garganta do Diabo, entrando na bacia das cataratas, permitindo uma aproximação que me parecia ameaçadora. Fui tocada por uma nuvem húmida que subia das quedas de água e molhava tudo... em segundos, passei de miúda assustada a uma possível candidata a miss t-shirt molhada.
O passeio inicia-se na Trilha do Macuco através de carretas abertas puxadas por jipes 4x4 e é acompanhado por violentas mordidelas de todo o tipo de mosquitos. Em seguida, percorre-se uma escadaria que permite o acesso ao rio Iguaçú, onde barcos infláveis bi-motores (de aspecto dúbio) aguardam para um passeio em direcção às Cataratas do Iguaçú. Este passeio de barco parecia divertido para toda a gente menos para mim, que estava em pânico... não conseguia abrir os olhos porque milhões de mini-gotas de água me impediam e quando, por momentos, o conseguia, ainda era pior, via pesados litros de água a caírem violentamente mesmo ao meu lado... aquele barco não me parecia ser coisa para durar... mas estou aqui para contar a história...
Só consegui atingir o meu estado normal quando me encontrei com os simpáticos e interesseiros Quatis. Apesar de nervosinhos e esfomeados o contacto com eles conseguiu afastar os efeitos daquele "passeio"...
Fomos expulsos por uma chuvada interminável que nos acompanhou de regresso à Foz do Iguaçú...
( este texto é dedicado a quem não viu nas cataratas a opção...)

domingo, 15 de julho de 2007

Barra do Chui - RGS Brasil/Uruguai


Depois de percorrer os longos 1000 km que afastam Florianópolis da Barra do Chui, finalmente chegámos. Mas não foi uma chegada qualquer. Nós tinhamos chegado ao fim do Brasil!! Percorremos toda a costa do Rio Grande do Sul, parámos em Porto Alegre, atravessámos em marcha mais que lenta os 40 Km da Lagoa dos Patos (maior recta que alguma vez vi). E finalmente, chegámos!
O objectivo era entrar com o carro no Uruguai e conduzir até Montevideu, por questões legais não foi possível. No entanto a estadia na Barra do Chui revelou ser muito mais do que à partida pensávamos. Aprendi, naquele instante que muitas vezes, o importante não é o destino mas o caminho que se percorre para lá chegar. Aqui, foi, sem dúvida, o caso...
Estava a anoitecer, parámos o carro e sentimos um arrepio... tudo estava paralisado e a temperatura já não era aquela a que estávamos habituados. No meio daquele fim de país, existia um restaurante onde jantamos o verdadeiro churrasco gaúcho com direito a personagens idênticas àquelas que vemos nas novelas brasileiras vestidos à "cowboy".
Encontramos um sítio para dormir, uma cama com um colchão de palha e um fosso onde caímos durante toda a noite, mas o cansaço foi muito mais forte. Naquela manhã, tomamos, acho que o pior pequeno almoço das nossas vidas mas fizemos um avanço... A dona da pousada acordou tomar conta do carro, por 10 reais por dia, enquanto estivéssemos no Uruguai. Problema principal resolvido, já não tinhamos de nos preocupar com o carro.
Pisamos o fim do Brasil, tiramos fotos ao local que no fundo não tinha nada de extraordinário. Sentimos o ambiente binacional percorrendo a avenida que divide o Brasil do Uruguai. Saltitámos de um lado para o outro e claro, o auge aconteceu quando estava com uma perna no Uruguai e outra no Brasil!! Compramos maços de Marlboro a 90 escudos, a brasileiros que falavam espanhol e fumamos palha durante quase 8 dias... Tentamos aderir à cuia e ao mate. Éramos só os dois mas era suficiente... foi uma solidão partilhada...
O almoço foi no Uruguai com vista para o Brasil, no restaurante de um senhor que não sabia a localização exacta do nosso país mas conhecia o FCP. Amigos, acreditem, o Porto é mesmo uma nação e não é por causa da Casa da Música ou da Torre dos Clérigos!
Compramos os bilhetes de autocarro e partimos, o destino era agora, Punta del Este...
(este texto é dedicado a uma pessoa muito especial que tem paciência para viajar com pessoas que lêem os mapas ao contrário... obrigada por tudo mas principalmente pelos momentos... )

sexta-feira, 13 de julho de 2007

S.L. - mY sEcOnD LiFe

Festa no S.L. onde estive presente. Amigos e leitores, no S.L. até dá para dançar!! O difícil é mesmo controlar o boneco... Francisca Petrov estava imparável!! Não consegui convencê-la que tinha de sossegar, carreguei em todos os botões, tentei pô-la a dançar na cabine do DJ para ver se ele a expulsava mas não tive sucesso... acabei por ter de me desconectar...


Eu, Francisca Petrov (a loira) e a minha amiga (real e virtual) Babi (a morena) no Coliseu do Porto do S.L.. Do lado esquerdo da imagem está o jornal do Second Life..

*Quando fizer ou acontecer mais alguma coisa interessante deixo aqui o testemunho fotográfico mas, como na vida real, sem dinheiro a coisa complica um bocadinho...

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Opera "meets" Electronic



Café del Mar - Aria é uma compilação de chill out da marca "Café del Mar" que combina, numa simbiose perfeita e arrebatada, ópera com música electrónica. São três volumes que combinam as melhores arias algumas vez escritas, destaco, entre elas, "La Forza del destino", "La Traviata" e "Otello" de Verdi, "Madame Butterfly" e "La rondine" de Puccini... A música é surpreendente, dotada de uma força incrível, chega a tornar dolorosa a audição, transportando-nos para outros estados emotivos. Tem-me servido de banda sonora a vários momentos introspectivos. Obrigada, Paul Schwartz!!
Para quem quer começar a apreciar ópera, estes discos, parecem-me um bom ponto de partida.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

As (insuficientes) 7 maravilhas

Quando soube que iriam a votos as novas 7 maravilhas do mundo senti que não podia ficar de parte nesta escolha.. tinha de participar! Mal tive oportunidade, visitei o site, passei por todo o processo burocrático, que já na altura me pareceu injustificado, no entanto, não desisti, aquilo era uma obrigação cívica para mim. Enviei mails às pessoas mais chegadas para que também dessem o seu "bitaite", naquela que eu achava ser uma escolha de todos nós, cidadãos do mundo. Para minha infelicidade na altura, ninguém aderiu aos meus pedidos.. choveram as desculpas, algumas compreensíveis, tendo em conta que para votar era necessário meia-hora de preenchimento de formulários, não disponível para a maior parte dos meus ocupadíssimos amigos.

No domingo, dia 8, a desilusão foi total, as novas sete maravilha eram:

  • Muralha da China
  • Taj Mahal
  • Machu Picchu
  • Cristo Redentor
  • Petra
  • Coliseu de Roma
  • Pirâmide de Chichén Itzá

Votei em alguns dos vencedores, mas nunca o devia ter feito, cedi ao apelo, motivada pelo sentimento de que tinha o direito e o dever de votar. Errei redondamente... depois de conhecer as razões que a UNESCO apontou para não reconhecer a eleição, tudo ficou claro! É, de facto, de uma visão muito limitada reduzir o mundo do séc. XXI a umas insuficientes sete maravilhas. Este número, aceitável no Mundo Antigo que compreendia apenas a bacia mediterrânica e o Oriente, parece-me injustificável no mundo de hoje. Esta votação, é também, desvalorizada pela UNESCO por não contribuir para a preservação dos locais eleitos e limitar-se aos votos de quem tem acesso à Internet ou telefone.

Quando reparei que o Cristo Redentor era agora uma das sete maravilhas em detrimento de Stonhendge, da Acrópole de Atenas e da moderna Opera House de Sydney, tive a certeza que tinha participado numa eleição parecida com a do melhor português de sempre. Enfim...

Convém relembrar que esta iniciativa privada foi patrocinada por dinheiros públicos portugueses, através do Turismo de Portugal, sobre o pretexto que o país teria mais visibilidade com a eleição do que teve com o Euro 2004. É caso para dizer que estamos no caminho "certo" mantendo estas opções.

(Este texto é dedicado aos portugueses que pagam 21% de IVA para comprar um livro e ainda financiam eventos particulares, que mentes brilhantes pensam ser do interesse dos portugueses.)

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Napa Valley - Califórnia, E.U.A.


De tudo quanto pude captar do modus vivendi dos americanos o que mais me marcou foi a sua impressionante capacidade de rentabilização económica dos negócios nas suas mais variadas vertentes e possibilidades... talvez os E.U.A. sejam considerados o país das oportunidades, não por algum fenómeno esotérico mas tão só pelo simples facto de se criarem, por pessoas com visão e força de vontade, reais oportunidades.
A minha breve visita a Napa e Sonoma Valley gerou, dentro de mim, esta perspectiva, mais tarde confirmada através da observação de outras realidades negociais norte-americanas. Chamou-me a atenção o facto dos produtores vinícolas de Napa Valley não explorarem somente a produção de vinho para venda, gerando também lucros à volta de autênticas boutiques de artigos relacionados com vinho e outros produtos agrícolas, abrindo a porta das suas casas, permitindo aos visitantes um envolvimento total com o processo produtivo.. e, realmente deve estar tudo pensado ao milímetro, porque estamos a falar de 250 wineries ao longo de 56 km, que obrigatoriamente, têm de ser lucrativas.
Em Napa Valley é-nos oferecida uma autêntica experiência dionísiaca, o vinho americano, produzido nesta zona, é, contrariando todos os preconceitos, de elevada qualidade.
Aprendi, nesta viagem, que nós europeus somos (pretensiosamente) civilizados (o que no caso português não corresponde de todo à verdade) mas não podemos, e muito menos, devemos ignorar o espírito empreendedor americano... Para já bastava-me que tivéssemos a humildade de assumir que temos muito a aprender com eles, tenho a certeza que já seria um bom princípio...
(este texto é dedicado ao Luís que já é mais americano que português... muito obrigada por tudo! nunca vou conseguir agradecer a maneira como fui recebida nas américas...)

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Buena Vista Social Club



Fui surpreendida no meu iPod com Buena Vista Social Club... foi amor ao primeiro som!! Esta colectânea de velhos temas da música cubana tem feito as minhas delícias.. sons das raízes de Cuba profunda que juntam os ritmos americanos e africanos, sob os tags de bolero, cha cha cha, mambo, jazz... enfim, estava ali, ao meu alcance, o melhor em termos musicais da velha guarda cubana.

Entusiasmada com a minha descoberta e com o prazer que aquela música me proporcionava, quis conhecer mais, descobri rapidamente que BVSC representa um local de Havana, uma referência a uma antiga casa de shows, onde um grupo de veteranos da música cubana se juntava para tocar e trocar experiências. O álbum gravado em conjunto que trouxe da exclusão do quadro musical, para as merecidas luzes da ribalta, uma série de nomes que permaneceram "desaparecidos" após o isolamento da Cuba comunista, valeu um Grammy e serviu de inspiração ao filme homónimo.

Vão estar presentes no Cool Jazz Festival, edição de 2007, a 10 de Julho, em Mafra e com certeza irão guiar-nos numa viagem histórica ao panorama musical de Havana.


(Este texto é dedicado a Justus Kull, sem a sua paciência para me rechear o iPod do melhor nunca teria acesso a BVSC. Um grande beijinho carregado de saudades..)

terça-feira, 3 de julho de 2007

Lake Tahoe - Nevada, E.U.A.

Depois de alguns dias na Califórnia, enfrentámos a I-80 que liga San Francisco a Tahoe City através de uma infinidade de curvas que o meu estômago nunca vai esquecer, uma viagem que apesar de cansativa, vale o esforço pela arrebatamento que a beleza natural da paisagem provoca no olhar...
Lake Tahoe fica na divisa dos Estados da Califórnia e Nevada, considerada uma das melhores e mais famosas estâncias de Ski dos E.U.A., principalmente pela particularidade da baixa altitude que permite que o cansaço seja rapidamente ultrapassado em comparação com outras estâncias, surpreendentemente atrai mais visitantes no Verão do que no Inverno! Quando chegámos percebi porquê... uma paisagem luxuriante, hotéis e resorts de charme, casinos com 24 horas de actividade, lojas, bares.. toda uma infraesturura que torna uma estância de ski apetecível no Verão...
Fiquei impressionada com a transparência da água e com a imensidão do lago.. mais tarde tive conhecimento que era o maior lago dos E.U.A. (35 Km de comprimento por 20 Km de largura) com águas de uma pureza que rondava os 99%!! Não foi difícil acreditar...
(Este texto é dedicado ao Max que de todos nós foi o que mais sofreu com esta viagem para nos poder acompanhar... ruf ruf..)